Vivendo no cativeiro
Daqui do cativeiro assistimos todos os dias o Jornal Nacional. Desde que Fátima Bernardes foi para a Alemanha cobrir a Copa, vire e mexe Willian Bonner faz uma gracinha quando lhe dá boa noite. Às vezes, limita-se ao cumprimento mais esticado: Booooa Nooooite, Fátima Bernardes. Outras surgem frases de duplo sentido, mas inteligentemente tem a ver com a notícia. Como na véspera da campanha de vacinação em que ele perguntou se ela tinha algum recado para as crianças (dá impressão que se trata de uma mensagem para os trigêmeos, filhos do casal). E ela respondeu que era para não esquecerem da vacinação.
A galera na redação vai ao delírio. Grita, assobia, quase faz uma hola, como nos estádios. E agorinha, quando mais uma vez o noticiário mais famoso do Brasil foi ao ar, Bonner questionou:
– Fátima, ontem você entrevistou três jogadores da Seleção e atrás, no castelo que é o hotel da Seleção, rolava um pagode. Até que horas foi essa festa? (questionando enciumado: hein, hein?)
Gritedo coletivo aqui no cativeiro. Acho que a maioria, e nesta me incluo, se identifica com o casal de jornalistas. Mais um que se reproduziu em cativeiro. (Para aqueles que não são da área: existe uma máxima de que "jornalistas, ao contrário dos ursos pandas, se reproduzem em cativeiro", devido a rotina de nossa profissão). No caso deles, reprodução ao cubo. Não significa que todo mundo tenha, literalmente, se reproduzido. Mas tem muitos casais na redação: namorados, noivos, enrolados, casados e também com filhos (em 2005 quatro casais aqui da Zero tiveram seus rebentos). Além daqueles que formam casal com jornalistas que não trabalham aqui.
Eu acho legal, engraçado e fofo. Para quem namora com um jornalista que também viaja de vez em quando, dá para entender a saudade. Hoje a despedida do Bonner teve até um ar tristonho. Mas eles ainda têm a chance de se verem na telinha e continuarem trabalhando lado a lado, apesar da distância.
E já que não há outro remédio (a gente reclama, mas gosta), estas pequenas coisas que por aqui acontecem só refletem que a gente também se diverte no cativeiro.