Durma com um silêncio destes
Assisti domingo ao filme Paradise Now. Enquanto os créditos finais subiam, em silêncio, com sua escrita em árabe e inglês, eu fiquei pensando em tudo que havia escutado dos personagens. E cheguei a conclusão que tanto os israelenses quanto os palestinos têm suas razões. Mas a perderam, quando resolveram partir para a violência. Mas desde que o mundo é mundo não é assim? Desde que Caim matou Abel não é com mortes que as coisas se resolvem?
Nada justifica o terrorismo. Mas o terror praticado através de uma instituição militar é aceitável? Desde sempre, as matanças cometidas em guerra não são considerados assassinatos.
Neste conflito que assola o Oriente Médio, tanto Israel quanto Líbano têm seus motivos e ninguém têm razão nesta guerra desproporcional. Se de um lado Israel ataca querendo acabar com o grupo terrorista do Hezbollah (o que, dependendo do ponto de vista, seria algo bom), por outro lado, a milícia xiita só existe porque tropas israelenses ocuparam a sua área no final da década de 70. Pensando fria e militarmente, pessoas precisam ser sacrificadas para que mudanças ocorram. Mas com toda a tecnologia, não dá para desviar dos inocentes? Gente que só tem a ver com a história porque está na hora e no lugar errado?
Para mim, nada justifica a guerra. Começo a desconfiar que Deus é apenas um argumento inventado pelo homem para justificar as atrocidades que comete contra seus semelhantes.
A conclusão que eu cheguei é que o mundo não tem jeito. Aqui, na minha realidade, também acho que o Brasil não tem jeito. Não tenho mais nenhuma esperança com a política e isso afeta quase tudo que precisa mudar por aqui. Sinceramente, cruzei os braços. Há muito perdi a ilusão de que fazendo minha parte eu posso fazer diferença. Será que isso é ser adulto, isso é amadurecer? Porque quando eu era mais jovem, eu era muito mais idealista.
Eu vivo a minha vidinha, sou feliz e não faço nada para mudar o mudo. Como a maioria, aliás. Só não sei o que vai ser do futuro... ah esqueça. As crianças de hoje serão os adultos de amanhã. E também vão pensar como eu.
O mundo sempre foi doente. E nem por isso ele deixa de girar.
É um pensamento bem pessimista, eu sei. Mas para isso, faço minhas as palavras do Saramago:
"Os pessimistas são pessoas insatisfeitas com o mundo. Em princípio, seriam as únicas interessadas em alterar a rotina, uma vez que, para os otimistas, é razoável como está. Mas gosto de dizer outra coisa: não sou pessimista, o mundo é que é péssimo (risos)".
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