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Esquizofrenias & Esquisitices

quarta-feira, setembro 20, 2006

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Dias desses no programa do Luciano Huck, uma mulher com deficiência física concorreu no Pulsação. Aproveitou a oportunidade para falar da luta que a vida lhe impôs e colocou muito bem. Disse ela que não adianta criarem cotas de trabalho para deficientes se eles não têm o direito de ir e vir, já que as cidades não são adaptadas. Ela queria ganhar um carro e conseqüentemente sua liberdade. Não ganhou. Foi uma pena.

A Revista Época desta semana traz outra discussão interessante: os deficientes querem conquistar suas vagas por suas capacidades. Apesar de a consciência social ter aumentado, ainda há muito preconceito e citam o caso do texto de um relatório que a deputada Denise Frossard fez para o projeto de lei que torna crime a discriminação contra portadores de doenças.

Com um texto desses, Frossard queria ser a primeira a ser enquadrada pela lei que estava criando:

"A deformidade física fere o senso estético do ser humano. A exposição em público de chagas e aleijões produz asco no espírito dos outros, uma rejeição natural ao que é disforme e repugnante, ainda que o suporte seja uma criatura humana –, diz o texto. E mais: “a repulsa à doença é instintiva no ser humano. Poucas pessoas sentem prazer em apertar a mão de uma pessoa portadora de lepra ou Aids."

Fiquei escandalizada que alguém ainda possa pensar, e o que é pior, expor tais pensamentos em público como argumentos para um projeto de lei! E eu até tinha simpatia por tal senhora por sua atuação no escandâlo do mensalão...

Também sou militante da causa dos deficientes, mesmo não fazendo parte de nenhuma associação. Mas cada vez que alguém estaciona na vaga ou em frente a rampa que meu irmão necessita para se locomover, eu cutuco o ombro do sujeito. É uma pena que ética, moral e consciência precisam ser cobrados com leis punitivas. Mas acredito que com pequenas atitudes, chamando atenção de um aqui e outro ali, as pessoas vão mudando sua postura. Infelizmente, noto muitas vezes, que não é só mau caratismo, mas algumas pessoas desconhecem o problema e quando alertadas, ficam até constrangidas. Pronto, aquele ali não coloca mais o carro em frente a uma rampa. Você me ajuda nisso?

E um dia ainda tomo coragem e atravesso um deficiente visual lhe contando o que passa a sua volta como faz a Amélie Poulain.