Curiouser and curiouser
Muito boa a coluna Pela chatice, do Luis Fernando Verissimo.
Mesmo sem ter vivido sobre a sombra da ditadura, também acho que o aborrecimento deve ser melhor. Mas acredito que o processo democrático abriu espaço para que golpeassem nossa cidadania, e a liberdade para reivindicar qualquer coisa, nos acomodou. Eu vivo apática. Não vejo forma das coisas mudarem, se não mudar todo mundo que está lá. Curiouser é que deveria acreditar no voto para isso.
Hoje vi uma propaganda da vereadora Manuela. Uma guria que tem a minha idade e que se apresenta assim: "E aí, beleza?". Teve uma surpreendente votação para vereadora. Agora é candidata a deputada federal. Isso é crescer o olho. Não podia ser primeiro deputada estadual? Não podia terminar o seu mandato de vereadora? (tá, é ingenuidade minha pensar que algum político ia ser tão coerente).
Acho que a lógica do pensamento é esta: ganhando essas eleições, são mais seis anos de mamata (dois que já cumpriu e mais quatro do mandato que aspira). Se perder, ainda há mais dois anos garantidos.
Concordo com o Verissimo neste trecho:
"Mas a Alice, se caísse no Brasil, acharia o mais curioso de tudo estes sentimentos que deveriam se anular num país menos estranho e aqui coexistem: a certeza finalmente sacramentada pelas denúncias de cada dia que os políticos são todos iguais, e todos safados, e a aceitação da política como um fato corriqueiro, e insubstituível.
Só fica a pergunta: por onde começar a anular?
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