Eu comprei um espanta-chuva!
Aos 25 anos, pela primeira vez, eu comprei um guarda-chuva.
Antes, sempre dava um jeito de pegar na loja do pai. Às vezes, com menos cara-de-pau, eu pedia um que estivesse com algum defeitinho, coisas assim. Fato é que foram muitos, pois guarda-chuva se autodestrói nas minhas mãos.
Agora que uso menos esse objeto, já que ando motorizada, e depois daquela chuva, resolvi investir numa sombrinha decente. E deixar de estepe no carro os restos de guarda-chuva que ainda me serviam.
Quinta-feira comprei uma dessas impermeáveis, que custam quase R$ 30 (logo eu que não dava R$ 5 por uma de camelô) e desde então choveu, várias vezes, mas em nenhuma dessas precisei sacar a minha sombrinha nova, pois não estava na rua. E hoje, saí na chuva para pegar um ônibus, mas havia deixado a sombrianha nova dentro do carro, na garagem da empresa, ontem. Por sorte o estepe ainda estava lá em casa.
Eu que não gosto muito de chuva, se soubesse que um guarda-chuva comprado por mim viraria espanta-chuva, já teria adquirido há muito mais tempo.
Idade para comprar as coisas
Essa história toda me fez pensar que tem coisas bobas, do dia-a-dia, que a gente tem idade para começar a comprar. Lembro que quando era criança, o único prazer de acompanhar meus pais no súper, além de olhar os brinquedos (que sabia não ganharia sem motivo especial), era ganhar escova de dentes nova. Lá pelos 13, 14 anos, com a mesada ou a grana do meu trabalho, isso passou a ser responsabilidade minha.
Até eu morar sozinha, eu não gastava R$1 com uma aspirina. Ah não, remédio era responsabilidade dos meus pais. Agora tenho minha própria farmacinha. E assim foi indo, até eu me sustentar de vez. Mas só agora, aos 25 anos e fazendo três anos que moro sozinha neste mês, é que comprei minha primeira sombrinha!
(Esta imagem acima é mais uma do Goeldi: A morte do guarda-chuva, xilogravura de 1937)
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