Homem de quatro
Bom, vou esclarecer a história do homem de quatro. E realmente não tem nada de engraçado.
Estes tempos, desci do ônibus próximo a rua Salgado Filho e vi um homem que andava de quatro, pedido esmolas. Como um animal quadrúpede, ele ia avançando nas filas das paradas de coletivo pedindo uns trocados. Fiquei um pouco impressionada, olhei para ele e vi que a estrutura do seu corpo realmente não tinha condições de ficar ereta. Alguma deformação, agravado talvez por falta de cuidados, fisioterapias, este tipo de coisa.
Fui andando e aquela imagem não saia da minha mente. Logo senti um arrepio e lembrei de uma cena do meu irmão. Quando ele tinha uns seis meses de vida, tentou sentar sozinho pela primeira vez. Uma tarefa relativamente fácil para os bebês nessa idade, mas não para ele. Ele se desequilibrava e caía ora para a direita, ora para a esquerda. E desde então já tinha uma obstinação, e continuou tentando. Enquanto eu, minha irmã e minha mãe assistíamos seu esforço com lágrimas nos olhos. Foi a sua primeira conquista. E ela foi muito importante, pois hoje ele tem muitas liberdades de movimentos devido sua vontade de alcançar sempre mais. Conhecemos outras crianças que tem o mesmo problema dele, e por falta de estímulos, mesmo com idade avançada, ainda não conseguem sequer ficar sentados.
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