Coisas
Cansei das promessas iniciais. As pessoas falam coisas e depois não cumprem, não continuam a falar e mulheres trouxas como eu, que continuam no mesmo clima conseguem parecer idiotas.
Eu quero sair desta e ter uma nova vida. Hoje dei um passo para fazer algo que me ajude nesta nova empreitada, mas é duro ter que lembrar de esquecer alguém todos os dias, jurar para si mesmo que esta pessoa não existe, acreditar nisto e isto tudo desmanchar como gelo ao sol às 16h, todos os dias. Fico vendo sem enxergar, cruzando por esse alguém como se ao meu lado nada estivesse, ouvindo seu nome sendo pronunciado como o de um estranho, um estranho que já compartilhou o sono comigo. Ouço a sua voz, mas quero estar surda.
Ontem comprei A Casa de Carlyle e outros esboços, livro de memórias da Virgínia Woolf enquanto ela estava em depressão. Isto talvez agrave mais ainda a minha própria, que tento disfarçar perdendo alguns anos da minha vida em noites mal dormidas e de bebedeiras que não suporto. Mas é fato que tenho admirado muito os suícidas. Até hoje para mim não há resposta para este paradoxo: tirar a própria vida é um ato de coragem ou covardia?
Eu trago um soluço preso dentro de mim e já perdi muito tempo tentando me livrar dele. Mas às vezes eu me contenho, chorar não muda nada do que já está feito e mesmo que mudasse, quando uma verdade se apresenta sem pedir licença e destrói todo e qualquer tipo de sonho, expectativa e até mesmo realidade nada mais pode ser feito. O coração doido da gente teima em ter esperança, mas os fatos mudam tudo e nunca mais as coisas voltam a ser as mesmas.
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