Feriado
Consegui sair cedo do trabalho, resolvi ir até o Cais do Porto e dar uma volta na Bienal. Fomos Tahi e eu, a pé, da Erico até o Gasômetro. Pegamos um sol e tiramos todo o mofo do corpo, além de esticarmos as pernas, além da conta, eu diria agora, já que elas doem. Na 4ª Bienal também fui com essa amiga no Cais e tiramos muito sarro dos outros naquele labirinto de espelhos onde ficávamos no centro falando das
pessoas que estavam nos corredores e elas não sabiam de onde vinham as vozes.
Eu queria ir na Bienal com mais tempo, com preparação. Mas resolvi ir despretenciosamente, só para aproveitar o dia de sol e as portas dos Armazéns abertas para o Rio. E já que era Dia das Crianças, eu e a Tahi nos divertimos muito. Não olhamos todas as obras, não ficamos pensando sobre elas além dos risos, mas desfilamos lindas e maravilhosas naquela passarela onde é possível se ver onde nossos pés pisam. Relembramos os tempos de cursos de manequim e modelo (que eu não fiz), andamos num passo rápido, pois correr seria peraltice demais, vendo nossa própria imagem no chão. Não entramos na casa rosa porque a fila estava grande e eu
pretendo voltar outra hora para ver tudo de uma forma menos lúdica. Mas assistimos ao pôr-do-sol ouvindo o rádioteatro "A sombra da rua", nos surpreendemos com a idéia genial e simples da obra Mapamundi BR e queríamos levar para casa muitas obras que se quer entrariam pela porta. Mas o legal foi quando entramos numa instalação que tinha uma daquelas plaquinhas laranjas dizendo "Recomendado para maiores de 18 anos". Lá dentro fotos de algo que só os homens têm. Engraçado que todo muito fica meio constrangido e a gente riu das piadinhas clichês que os amigos faziam uns aos outros dizendo: "ah fulano, esse tu vai gostar". A idéia do cara não me convenceu. Para mim era o próprio artista que queria apenas mostrar o seu bastão, mas fato é que depois das boas risadas que a gente deu, cada vez que víamos uma placa dizendo "Não fume e não toque nas obras" a gente achava que era mais uma proibida para menores e ficava faceirinha... Engraçado que a mesma imagem, na versão feminina, estava exposta numa outra obra, bem no centro do Armazém, para incredulidade de um menino que chamou a mãe para ver. Mas dava para pagar os pecados depois numa sala com sofás confortabilíssimos com som de música sacra.
O que não dava para agüentar era um bando de gente posando para fotografia em frente às obras como se estivesse num ponto turístico. E engraçado era o banheiro, ao ar livre. Tinha um biombo e da "porta" vi as pias ao léo, jurei que ao adentrar encontraria os vasos sanitários sob o céu... mas não, eram banheiros ecológicos. Só que estava parada esperando a minha amiga e teve gente que chegou e disse: "e aqui, o que é?". Pensando que era mais uma obra. É... a arte contagia!
Quero voltar a Bienal para ver tudo melhor. Mas achei muito legal, de qualquer forma, pois a arte também serve para diversão. Acho ignorância quem fala "isso até eu fazia". Então por que não fez? Não é uma crítica convincente. O que torna isso arte é a boa explicação que o artista tem para sua criação e a arte contemporânea às vezes nem se explica. Mas quem não gosta, que não me venha com esse argumento pobre e vá no Santander e no MARGS, pois lá está a parte histórica, com os concretistas, neo-concretistas e outras escolas clássicas. Embora não dê para perder Amilcar no Cais...
<< Home