Decepção
Acabei hoje de ler Se um Viajante numa noite de inverno e Italo Calvino me pegou pelo pé. Se conforme a minha teoria os finais não valem grande coisa, foi justamente isso que ele fez.
"O senhor acredita que toda história precisa ter princípio e fim? Antigamente, a narrativa tinha só dois jeitos de acabar: superadas todas as provações, o herói e a heróina se casavam ou morriam. O sentido último ao qual remetiam todos os relatos tinha duas faces: a continuidade da vida, a inevitabilidade da morte."
Mas a minha implicância com o livro é porque o meio também não me foi agradável. Mais de uma vez senti sufocamento e acho que criei expectativas demais pois, quem me recomendou o livro disse que era muuuito bom, um leitor aqui do blog também comentou e na contracapa diz o seguinte: "É um daqueles livros quem mantêm viva a expectativa criada desde o início e obriga o leitor a continuar a leitura, na busca da satisfação plena do fim". Não senti nada disso! O Grande Gatsby me deu muito mais essa euforia de voltar a leitura do que Se um viajante... Sem contar que o final é totalmente previsível. Calvino quis fazer uma coisa nova e termina com uma narrativa antiga, como descrita por ele mesmo no trecho acima.
O que diz na orelha consegue definir um pouco o que eu senti: "Calvino recupera, assim, o prazer máximo da leitura, semelhante ao angustiante prazer do orgasmo anunciado e sempre adiado, prenúncio de um prazer maior". Só que no meu caso, seguindo na metáfora, o cara brochou.
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