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Esquizofrenias & Esquisitices

quinta-feira, abril 07, 2005

Teoria nº 9

Exquizofrenia na Internet

Meu blog surgiu com a proposta de mostrar toda a minha normal esquizofrenia, aquela que todo ser tem. Mas tenho notado que isso é um fenômeno comum na internet. E não é só no mundo dos diários virtuais.

Até há bem pouco tempo atrás, Amélie Poulain servia como meu alter ego. Sua imagem substituía a minha no orkut e no msn. O Einstein me empresta a sua imagem aqui. E não sou a única nessa prática.

Logo que comecei a usar o messenger eu eu não trocava meu nome. Hoje invento, quase que diariamente, um novo nick. Seja uma música que está na minha cabeça, um jeito novo de ser, um pensamento. E digo que tudo isso é esquizofrênico porque simplesmente não entendo algumas "máscaras" que as pessoas usam. Só tenho contatos de pessoas que conheço no meu msn e todo dia vejo a janelinha saltar com um sujeito estranho. Preciso abrir e ver de quem se trata. São pessoas que conheço, mas que não compreendo. Assim como eu devo ser incompreendida também.

Estes dias lia no blog do Cardoso que ele criou outros blogs, assumindo identidades diferentes. Um amigo meu criou há pouco tempo um blog onde ele acha esquisito escrever coisas que só ele entende.

Até elaborei um termo para isso: transtorno de e-personalidades múltiplas. Uma teoria totalmente empirica.

Percebo que eu acabo também fragmentando os assuntos que converso com os amigos, colegas... Algumas coisas só falo por e-mail, outras só questiono através do msn. Tem coisas que a gente só fala pessoalmente, outras que por telefone é mais fácil. Como se eu fosse outra pessoa, estabeleço uma linguagem diferente para cada meio. E como toda comunicação tem ruídos, a da internet acaba sendo a campeã neste quesito. Quantas vezes a gente não faz uma pergunta no msn e a pessoa entende algo bem diferente do que a gente queria dizer? Sem contar que a conversa não é linear.

Uma vez fiz uma análise sobre hermenêutica e as teorias de incapacidade para o diálogo de Gadamer usando o orkut como estudo de caso. Os fóruns que existem internet a fora não servem para comunicação. É um monte de gente falando, e falando sozinho. A gente tem necessidade de dar o nosso grito, mas sequer temos paciência para ouvir o dos outros.

Por enquanto o transtorno de e-personalidades múltiplas é benéfico, porque pelo menos não transportamos este comportamento para as conversas de bar com os amigos, ou aquele papinho durante o chimarrão, ele fica limitado a web. Ainda bem que nas situações cotidianas assumimos a personalidade que nos faz ser capaz de ouvir o outro. Mas até quando?

Fato é que cada vez mais a gente se comunica. Com quem está longe e com quem está perto. Mas será que a gente se relaciona? Bom, na verdade não estou muito procupada com isso. Tenho feito muitos contatos e a internet tem sido muito útil para isso. Com certeza novos fenômenos de comportamento social estão surgindo, mas isso eu deixo para os sociólogos e os psicólogos pesquisarem. Mas se constatarem que o meu transtorno procede, me avisem, que daí eu vou patentear!