Rosa rebelde
Nunca falei muito de televisão aqui. Sou uma apaixonada e acrítica desta mídia, mesmo com a minha formação em comunicação. Pois vou aproveitar o momento dos 40 anos da Globo e do especial Dramaturgia de ontem para escrever algumas coisas.
Adorei o especial. A televisão tem esse poder de mexer com nossas emoções e criar identificações, portanto, nos prender. E foi o que aconteceu ontem comigo. Sou muito parecida com a Rosa, personagem do especial, vivido por Adriana Esteves. Primeiro pela paixão pela televisão e novelas, em segundo pelo medo de amar.
Como ela, já me imaginei dentro de algumas novelas e minha memória guarda considerável espaço para informações novelísticas. Os colegas no trabalho me apelidaram de Arquivo do Video Show.
Me surpreendeu a história de ontem por ter romance, mas não da maneira clichê de sempre. A Globo teve uma grande sacada em retratar uma mulher com medo de amar e que separava o sexo disso. Esta é a mulher da nossa sociedade atual. Eu sou essa mulher atualmente. E pelo mesmo motivo da personagem: a falta de sucesso no amor de nossos pais. Chamem de trauma, traição do subconsciente. Eu chamo de constatação. Por mais que saiba que o que aconteceu com minha mãe, pode não acontecer comigo, uso as palavras de Rosa: "Prefiro não arriscar". Pior que isso, já arrisquei. E mais que isso. Sem saber só me ligo a pessoas em que o abandono é iminente. Mesmo que eu não saiba, mesmo que elas não saibam. Acontece. É sempre assim. Consciente disso tudo tenho que procurar mudar, já que não tenho um Zeca (Reynaldo Gianecchini) para voltar quando não sentir mais tal temor. Mas ainda não sei como fazer isso. E sem me dar conta ainda me declaro apaixonada pelo Peter Parker. Não que eu queira um super-herói para mim, mas porque quero o mais difícil, o irreal, quero aquilo que não vai fazer se concretizar o amor na minha vida e conseqüentemente, não me fazer sofrer. Mas também sei que o preço a pagar por isso é abrir mão de pequenas felicidades, do gosto de experimentar que às vezes se torna tão amargo, mas isso é viver, sonhar... E como a Rosa, eu não tenho um sonho e isso me angustia, e muito. Pois como diz Mario Quintana, uma vida não basta ser vivida, também precisa ser sonhada.
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