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Esquizofrenias & Esquisitices

terça-feira, setembro 27, 2005

Bienal

Começa sexta-feira, dia 30, a 5ª Bienal do Mercosul que tem como proposta discutir o espaço ou melhor "A (re)invenção do espaço". Estou empolgadíssima com esta edição, pois hoje no curso de História da Arte estudamos os construtivistas e neo-construtivistas Amilcar de Castro e Franz Weissmann afim de estarmos preparados para a visita guiada que faremos no Santander Cultural e no Margs na próxima terça. Hoje mesmo já vi em frente ao Mercado Público uma obra de Amilcar instalada no passeio público. Tinha uns itens a mais, acredito que para não cair devido ao vento.

Fiquei fascinada por estes dois escultores. Ambos trabalham com esculturas em ferro a partir de formas geométricas, criando dobras e cortes. Com isso o trabalho passa da bidimensionalidade para a tridimensionalidade, ocupando um espaço. A diferença entre os dois é que Weissmann utiliza solda e parafusos para agregar elementos em suas obras e Amilcar não, apenas dobra ou corta um peça única. E o primeiro utiliza cor, o segundo em sua maioria não.

Mas o que mais me empolgou nisto tudo foi reconhecer e estabelecer relações destas obras com a diagramação. Amilcar de Castro criou o primeiro projeto gráfico do Jornal do Brasil com elementos de layout usados até hoje em todos os jornais. Antes disso, nem sequer haviam máquinas de escrever nas redações, e os jornais tinham a aparência de classificados. As obras de Amilcar partem todas de formas geométricas básicas, como quadrado, retângulo e círculo. Observem quando visitarem a Bienal. Dessas formas surgem triângulos e outras "formas" com as dobras que ele faz no espaço. E as páginas de jornal, que também considero arte, nada mais utilizam além destas formas. As cores usadas por Weissmann são influênciadas por Mondrian, outro artista que com suas pinturas evoca o desenho das páginas de jornal.

Dizia Amilcar no documentário que assisti que não se considera um desenhista e sim um gráfico (tem obras dele em pintura também). Mais uma identificação com a produção de jornal impresso e nestas pinturas ele usa as cores básicas da impressão.

Pesquisando para ver se encontrava a frase original aí está: "A cor me fascina. O problema é que eu não domino bem a cor, não sou pintor. O pintor interpreta o mundo por meio da cor, é o caso de Matisse, Guignard, Volpi, pintores geniais. Eu, como escultor, o interpreto por meio da estrutura. E, para dar força à estrutura, uso uma cor, o vermelho, o azul, o amarelo. Eu sou um gráfico, como o Mondrian, e prefiro fazer só o que eu sei fazer. No caso das esculturas de ferro, o ferro adquire a ferrugem e a ferrugem é a sua cor."

Espero ver esta Bienal com outros olhos e isto tudo me motiva cada vez mais a cortejar estas áreas afins com a diagramação. Pretendo continuar estudando cada vez mais a arte que é o berço da comunicação e da linguagem visual tal aplico no trabalho que farei em breve.


Amilcar de Castro

Franz Weissmann